28 de novembro de 2012

Forca


Forca

            Preparou o lanche de ambas, uma para a escola, outra pro trabalho. Manteiga para a mãe, presunto para a filha. Entregou para elas, não reagiram. Disse que as amava, reagiram menos. Não sabiam lidar com ele humano. Ele nunca fora humano, e sua desumanidade lhe garantia falsas promessas e uma falsa vida. Mas agora ele era humano. Mesmo que por poucas horas

           Elas se foram e ele se foi. Para o quarto, por enquanto. Pretendia que fosse rápido, mas não foi. Passou tanto tempo não sendo humano que esqueceu das fraquezas, da covardia. Encarou a corda por muito tempo até tomar coragem. Pensou que poderia ser tudo mais uma falsa promessa, mas ele sabia que não era, assim como sabia quando era.

          Pegou a corda. Não se lembrava de quando havia comprado, em sua mente ela sempre estivera ali, era como suas promessas, desde criança as fazia, desde criança tinha corda e motivo, ingredientes perfeitos para promessas vazias. Mas não agora. Havia cansado de falsas promessas, não tinha motivo para falsas promessas.

          Ele nem mesmo havia prometido que o faria, na noite anterior, como costumava fazer nas tentativas que eram frustadas por si mesmo. Ele sabia que não precisava prometer, que o faria. E faria do jeito mais limpo que podia pensar. Havia avisado as meninas que não se preocupassem, voltaria tarde. Tarde demais.
          
          E então, fiz o laço, coloquei no pescoço, passei por entre as ranhuras do teto e sub no banco. Mais um paço e eu deixaria a humanidade, sem nenhuma vez ter merecido um "eu te amo".

Texugo e o amanhecer da morte

Texugo e o amanhecer da morte  

            O coração palpitava. Era, até então, a missão mais perigosa que o nosso querido agente Texugo ja havia sido enviado. Mesmo "Texugo e o roubo dos anéis de saturno" e o embate com os mafagafos saturnianos não se compara a coragem necessária para enfrentar essas bestas ferozes que o Texugo enfrentará em alguns minutos.

             -   Estou pronto.

             As palavras foram gravadas, uma vez que poderiam ser as ultimas. Aliás, sempre são gravadas, e sempre podem ser as ultimas, se tratando de uma missão de um agente com licença para morder. Mas seus dentes não serão uma arma hoje, apenas suas pernas. Ele não deve causar danos, e será condecorado com o selo "Testosterona" se tudo correr bem.
           
            Ele embarca no seu meio de transporte até a área de combate. Hoje não usará seu Bimbonado turbo 3000, mas sim uma escada rolante dupla, que levará direto ao QG inimigo. Os gritos são assustadores, mas não para o Texugo, ele não pode tremer. Ele deve estar pronto para os cruéis ataques do inimigo. Chegou na plataforma.
           
            Ele estava disfarçado, recoberto de purpurina, de modo que não foi detectado pelas bestas e caminhou até o meio deles, para enfim cumprir sua missão. Contou até três e gritou o mais alto que pode:

            -     Edward é gay!

            Tentou escapar, mas foi em vão. As fãs o atacaram e só foi salvo por ter executado a missão pouco antes das salas abrirem para a pré-estréia. Foi resgatado rapidamente pelos médicos da corporação e hoje descansa no hospital, em recuperação. Mas tudo valeu a pena, afinal, não é para qualquer um carregar o selo "Testosterona" no peito.

27 de novembro de 2012

Pontos de Vírgulas


Retrato


Entregue aos devaneios, abandonado poeta 
Há muito permanece esta mente irrequieta 
Com a caneta na mão, perece o corpo inerte 
Sussurrando, assim diz o espírito: desperte. 

 A mente inquieta vagueia, anseia, procura 
 Mantém-se à margem do véu da loucura 
Da linha tão tênue percebe o fino convite 
Ávida, ainda espera para romper o limite 

 E a alma busca, deseja qualquer alimento 
Clama por um mínimo hálito de inspiração 
A insanidade só aumentou seu tormento 
Não lhe permite conceber uma só criação 

 E se o poeta não impede, o delírio perdura 
Se deixa levar, fascinado pela mórbida tortura 
Deseja descobrir o que este véu tanto omite - 
Mas por que, afinal, tem que haver um limite? 

 Diz o espírito: Queira! Permita ser diferente 
Sempre suplica ao poeta: livre-se da corrente! 
Desista deste ser em que agora converte-se 
Grita, brada, quase esbraveja : Liberte-se. 

         Post fora do dia, só pode significar nova parceria. E é com muita felicidade que anuncio que agora o Insensato Teclado é parceiro do Pontos de Vírgulas, esse excelente blog literário onde se pode encontrar de trechos a sonetos, de 4 diferentes autores, Mariana, David, Larissa (Autora deste) e Samuel. A qualquer hora, é sempre uma excelente opção de leitura.

 http://pontosdevirgulas.blogspot.com.br/

25 de novembro de 2012

Castro e Castro

Castro e Castro

       Conheci a Dani numa tarde de inverno, tempo feio pra caramba, a cerveja só descia se fosse quente, a música tava horrível,  mas a Dani era... Bom, não era exatamente bonita, mas sei la, era mulher, eu tinha 14 anos e ela tava e dando condição.

      -    Eae princeso, quer uma cerveja?

      Foi inesperado, mas bom. Eu não chegaria nela, sei disso, e eu aceitei. Mais uma. e mais uma, e vocês sabem, quanto mais cerveja se bebe, mais ela parece gelada, a música fica melhor, e ela melhora as mulheres. Não existe mulher feia, nem homem sem graça, é a gente que bebeu de menos. Ela foi se abrindo (14 anos!) e descobri que o nome dela era Dani Castro. Zé Castro Graça, soltei:

      -    Se nos casássemos você seria Dani Castro e Castro

      Um adolescente, bêbado falando em casamento com uma mina que acabara de conhecer... todo mundo deu risada, menos nós dois. Em todo caso, um ano depois todos nos conheciam por srª e sr Castro e Castro e pixei, na parede do bar, em tinta preta, "Dani, eu te amo".

      Não que o dono do bar gostasse que pixassem suas paredes, mas não ia expulsar o cliente, muito menos gastar dinheiro com tinta para repintar, de forma que 2 anos depois ainda tava la a tal pixação.

       E foi nesse tempo que eu descobri que ela me traia com um tal de Texugo, e que o bar todo sabia. Eu não tinha mais moral lá, e nem em qualquer bar perto. Mas, antes de abandonar tudo pixei, em tinta branca, por cima do "Dani , eu te amo" um "Dani, eu te odeio"

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Será que se eu disser que foi inspirado em fatos reais, alguém acredita?

23 de novembro de 2012

Down em mim #2


Imagem extraida de "Um sonho de liberdade", adaptação do conto "Primavera eterna" do livro "quatro estações" do Stephen King, excelente e que eu recomendo.
Trecho do Barão Vermelho
Montagem por mim

21 de novembro de 2012

Saudade e Vontade


 Saudade e Vontade

Às vezes a saudade vaza dos olhos. Grosa ou fina, cedo ou tarde, sempre vaza. Saudades do Preto e do Amarelo. De cada um dos meus castelos imaginários, saudades dos meus tempos de estrela, de mamãe e do papai. Saudades dos mortos, e também de tudo em mim que já morreu.

Sinto saudades de minhas asas, de voar com elas por sobre a vida e sobre a morte, saudades de Oscar, Vera, Cecília, Lúcia e Quico, saudades do que vivi e do que vi viverem, saudades de Val vendendo pó na esquina, por que não? Saudades até mesmo do Príncipe branco.

E a saudade não se acaba, mas para de escorrer. Volta-se para dentro. Passa a ser saudade do Roxo e do Vermelho, das masmorras de meus próprios castelos, saudades da morte e das vidas que não vivi. De ser mãe, de ser avó e de ter uma família. Saudade do amor.

Saudades dos dragões, cuspidores de liberdade. Saudades de ser humana e de sentir. Saudades dos que ainda verei viver e de Val vendendo pó na eqüina, por que não? Saudades até mesmo do príncipe branco. Por que a diferença entre a saudade que vaza e a que fica é a mesma da saudade e da vontade.

É o tempo. Mas o tempo não existe. Nunca existiu. Nunca existirá. Assim como eu, e como você e como este conto. Só o que existe é a saudade que escorre e a que fica. Só saudade e vontade.

16 de novembro de 2012

Conto de Fadas #1


Foto extraída de One Tree Hill (Olha o que tenho de aguentar por vocês ._.)
Trecho do Barão Vermelho
Cartão por mim.

14 de novembro de 2012

Folha em branco

Folha em branco 

            A folha em branco, o copo de cerveja, a amante e a namorada parecem bem iguais depois da meia noite. Encaram-te da mesma forma, tão cheios desse vazio. Esperando-te agir, de qualquer forma. E você espera o mesmo deles.

             Que o copo te mande parar de beber, a folha se preencha sozinha. Que a amante desista do marido e a namorada de você. Que algum deles te encha. Qualquer um deles, ou todos eles. Mas só quem te obedece é o copo. Sempre ele, o melhor pior amigo do homem

              A namorada te enche de beijos. Eles costumavam ter sabor de cerveja, mas agora cheiram a culpa. Culpa por amar a amante. Ela sim tem beijos com gosto de cerveja, mas também cheiram a culpa por não confessar seu amor à ela, a folha também te culpa, com sua censura branca, por não ser capaz de preenche-la e esperar que algo vazio te encha.

              Mas o copo, ele sim é um bom amigo. Daqueles que te deixará puto amanhã, mas fará você fugir da sua vida. Dar um pulo em outra, com um pouco menos de culpa, menos amarga. Eu me encho com a cerveja ou o copo se ergue até a minha boca? Não sei. É tão mecânico quando não compartilhar minha vida com minha namorada ou minha amante. E a vida segue. No mesmo ritmo, na mesma rotina. Na mesma melancolia cômoda, de dias vazios e folhas em branco.

11 de novembro de 2012

Enem

         Ah, enem, essa forma maravilhosa de desperdiçar um final de semana que poderíamos passar flopando na net, não é mesmo? Mas se enem fosse bom não começava com E exame, mas sim com D de, isso mesmo, Delicia crocante de chocolate, ai meu deus, como é bom ser vida loka.

         Falando em vida loka, cheguei atrasado pro enem. Mas só no segundo dia, que ja era parça da galera e tals. Infelizmente, eram amigos falsos, começaram sem mim, fiquei lastimoso, mas dai a fiscal legal me deu atendimento vip(Isso mesmo que vocês estão pensando, mandou eu ir pro lugar logo que tava atrapalhando a prova com piadinhas).

         Ganhei meu caderno rosa (Tem de se garantir para usar um caderno cor e rosa, minha mamãe disse), transcrevi a frase da Clarisse Lispector (Ou Seria do Caio Fernando de Abreu? Sempre confundo esses lindos) e fui responder o cartão de respostas. Muito mais vintage começar por ele, e tem de ter habilidade. Ir formando desenhos e tals.

         Desenhei um charizard e só não coloco foto aqui para não ser desclassificado, depois de tanto trabalho. Mas ficou lindo, todo em caneta vermelha! Combinava com o BLastoise, que desenhei no primeiro dia, se o pc que corrigir manjar de pokemon ganharei um 180, com certeza. Agora é esperar. E me dê sua força, Pegasus.

9 de novembro de 2012

(Pó de) Estrela

(Pó de) Estrela


A pequena estrela, com suas perninhas e bracinhos, caminhava sobre seu arco-íris particular, construído com blocos de pureza e sonhos, desses que só estrelas são capazes e produzir.

Caminhava tropeçando, mas também se reerguendo, dois costumes tão normais às caminhadas de estrelas e tão estranhos aos planetas que elas orbitam (Ou seriam os planetas que as orbitavam?). Construía seu caminho com seus tijolos, se certificando de guardar os melhores para construir sua própria casa, transformando, durante o processo, seu futuro em passado, e seu passado em pó de estrela.

O arco-íris levaria direto ao reino dos sonhos, onde seria feliz para sempre. E como ela sabia que chegaria lá? Sabia por que ela era uma estrela, e assim como planetas são feitos de passado, estrelas são feitas de futuro. E seu futuro estava no reino dos sonhos, onde seria feliz para sempre.

Mas o Espírito do natal passado sabe mais sobre o futuro que seu próprio espírito, como planetas conhecem melhor o futuro do que as próprias estrelas. E por mais brilhante que seja a pequena estrela, ela não chegara ao reino dos sonhos. Não há como chegar a um lugar inexistente, há? Não antes de seu futuro se transformar em passado, cada gota de passado se transformar em pó de estrela e a nossa estrela se converter em um planeta.

Porque somos assim. Tristes seres, feitos de passado e pó de estrela.

5 de novembro de 2012

Os cães


         Sempre tive problemas com cães. Desde pequeno, um cão poderia estar comendo, mas se eu passava parava só para correr atrás de mim...e Frank caldeira acha que seu treinamento é barra, mas bah!

            Aos cinco anos de idade, eu morava em um condomínio. Nunca vi aqueles malditos cães morderem um ladrão, mas tenho uma marca na perna até hoje. Até Poodles e Chiuauas em apavoravam. Sempre me perguntei se tinha cara de gato ou algo assim. Depois, aos 13 anos, mais uma mordida do cachorro do meu tio.

            E quando passava por pet shops? Parecia um tipo de ritual, todos os cães olhavam para mim e rosnavam. Sempre quis ter um cachorro, mas nenhum deles queria ter um Zé. A birra dos cães comigo também me impediu de entrar para a policia e para os bombeiros.

            Minha ultima namorada inclusive terminou comigo por que o cachorro dela não gostava de mim. Foi a gota d’agua, me revoltei.nada mais e mordidas ou rosnados. Fui no corpo de bombeiros, queria me inscrever. O Dálmata veio correndo até mim e me mordeu na perna.
            Mas não tive dúvidas, fiquei de quatro, rosnei e o mordi.... nunca mais ouvi cães latirem para mim.

2 de novembro de 2012