Vale
do abandono, 30 de fevereiro de 2012
Amor,
meu grande amor.
Acordei
esta manhã sentindo tua falta, minha rosa, assim como em todas as outras.
Acordei em nossa cama, ainda com seu perfume em minhas narinas. Teu perfume,
outrora tão doce, agora tão azedo, qual nosso amor.
Ainda
durmo sob os mesmos edredons e sobre os mesmos lençóis que costumávamos ficar
acordados, ainda levanto com o despertador cansado de tocar e ainda como
torradas no café da manhã, com a mesma geléia que costumava lambuzar teu rosto
macio...
Mas
ainda que em minha vida reste um pouco de seu perfume sinto falta dos teus
espinhos, dos teus defeitos pequeninos.
Do teu bafo matinal, com sabor de cachorro quente com pimenta e de tuas
broncas por calar tuas broncas com minha boca tão sedenta...
Sinto
falta de teu amor por completo. De sentir teu perfume doce, quase enjoativo sem
rastro do modo azedo como ficou em nossa casa e sinto falta de teus espinhos,
arranhando minha pele de forma mansa, de minha pele sendo curada pelo teu
perfume indecente...
Mais
que sinto falta, eu preciso de você. De teus doces espinhos. De teu nocivo
perfume. E é sobre minha abstinência de
você que escrevo nessa carta por que, agora, é o que me resta. Minhas cartas são
o que reavivam o que já não existe. Meus desejos me fazem, ainda que longe, me
sentir perto de você e além das minhas cartas e meus desejos me restam apenas
as migalhas de teu perfume.
As
migalhas de teu perfume que jamais poderão curar a dor que me causa por não
mais me machucar...
Espero que eu possa me despedir
apenas
com um até breve,
teu Jardineiro. [/teal]</div>
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